quarta-feira, 17 de junho de 2009

A Vila do Chaves é aqui

Esse é um país de valores cada vez mais estranhos. Livro escolar com pinturas de indígenas praticando canibalismo não pode, é muito violento. Funkeira "famosa quem" fazendo poses eróticas em cima da foto do presidente da República pode, é arte. Aliás, o que não vira arte aqui? Calçadas danificadas em frentes das casas e condomínios não pode, fica feio e tem que pagar multa. Ruas esburacadas, calçadas em frente aos prédios públicos destruídas pode, a prefeitura é pobrezinha, não tem como fazer nada, e se seu carro quebrar o seguro cobre. Se sua perna quebrar o plano de saúde conserta. Não tem seguro, nem plano de saúde? Azar o seu. Sopa para pobre na rua não pode, causa desordem e não soluciona o problema de tirar a feiúra da pobreza das ruas. Empresa privada uniformizada, achando que é agente da lei e da ordem, multando, confiscando e baixando o porrete nos cidadãos pode, afinal aquele uniforme cáqui é tão bacana. Eu disse dando porretada nos cidadãos sim, porque camelô também é cidadão, e pasmem, eles votam. Assisto os telejornais e não consigo deixar de pensar: Gente, mas não é que o Kiko e o Chaves assumiram o poder! E continuam os mesmos atrapalhados. Olham para a população e não conseguem se conter: GENTALHA, GENTALHA!! E agora... quem poderá nos defender??

Quando sair não esqueça a garrafinha

Seja Carioca! Nova campanha de repasse exclusivo de responsabilidade para a população. Afinal o Centro da cidade está mesmo feio e sujo. Além disso fede muito, é esburacado, perigoso, e mal planejado. Como sediar Copas, Olimpíadas e eventos de grande porte? O que dirão os visitantes? Devemos assumir nossa responsabilidade de jogar o lixo na lixeira como pede a reportagem do RJTV, corretíssimo. Mas quem fica responsável por manter lixeiras em vários pontos da cidade? Fazer xixi no meio da rua é terrível, mas será que todos os homens que fazem isso querem realmente se expor desse jeito? Onde estarão os banheiros públicos, gratuitos e dignos de serem usados? Devemos levar um na mochila também? Porque a Central do Brasil não possui banheiros gratuitos? E a pergunta espetacular que a reportagem faz: porque os policiais da cabine da PM nada fizeram para coibir os "mijões"? Segundo o jornal, eles pediram uma explicação à PM sobre os flagrantes das imagens mostradas e não obtiveram resposta. Eu teria uma resposta: aquele é um dos trechos mais perigosos do Centro, ainda mais à noite. A PM tem que escolher entre vigiar as incontinências da população e tentar impedir os assaltos. Sendo carioca, o que você escolheria??

terça-feira, 16 de junho de 2009

A mosca na sopa do Rio

As ações do Choque, intricado jogo de tabuleiro com peças vivas, criado pelo Paes e gerido pelo Bethlem não chegam a surpreender, afinal é um game da elite onde só ela deverá ganhar. Se a intenção é causar polêmica, dessa vez eles conseguiram alvoroçar a população com a possível proibição da distribuição das tais sopas para os mendigos. Embora crítica ferrenha dos desmandos desta administração, que confunde município com feudo, não posso discordar realmente desta medida.

Pelo que andei lendo, cada instituição filantrópica distribui refeições uma ou duas vezes por semana, em um único horário. Não vejo como esse esforço possa impactar a fome dos necessitados, ou apresentar uma eficácia futura que não seja a manutenção da população nas ruas. Se fosse parte de um programa de assistência social mais abrangente, deveria mesmo ser defendido por todos. Mas isso na verdade é dever do Estado.

Por outro lado, vivemos a febre das Campanhas de Solidariedade, e não havendo estrutura governamental que cumpra seu papel, as pessoas envolvidas nestas iniciativas sentem que estão fazendo um pouco a sua parte, dentro de suas possibilidades e limitações. Chegar agora a Prefeitura e pedir para que direcionem seu trabalho para dentro das instituições públicas é demais. Nos abrigos, a obrigação de prover alimentação é da prefeitura. Se não dão conta de seu papel, e já que gostam tanto de terceirizar com as Organizações Sociais, cadastrem as igrejas, comitês e outras organizações, financiem seus projetos e repassem suas verbas para que elas possam tentar fazer algo mais eficiente pelos desprovidos. Eles já demonstraram ter organização e disposição suficientes para com mínimos recursos manterem a regularidade de suas sopas. O que não conseguiriam realizar se tivessem em mãos parte das verbas que escoam das mãos equivocadas dos gestores de nosso patrimônio municipal.