terça-feira, 16 de junho de 2009

A mosca na sopa do Rio

As ações do Choque, intricado jogo de tabuleiro com peças vivas, criado pelo Paes e gerido pelo Bethlem não chegam a surpreender, afinal é um game da elite onde só ela deverá ganhar. Se a intenção é causar polêmica, dessa vez eles conseguiram alvoroçar a população com a possível proibição da distribuição das tais sopas para os mendigos. Embora crítica ferrenha dos desmandos desta administração, que confunde município com feudo, não posso discordar realmente desta medida.

Pelo que andei lendo, cada instituição filantrópica distribui refeições uma ou duas vezes por semana, em um único horário. Não vejo como esse esforço possa impactar a fome dos necessitados, ou apresentar uma eficácia futura que não seja a manutenção da população nas ruas. Se fosse parte de um programa de assistência social mais abrangente, deveria mesmo ser defendido por todos. Mas isso na verdade é dever do Estado.

Por outro lado, vivemos a febre das Campanhas de Solidariedade, e não havendo estrutura governamental que cumpra seu papel, as pessoas envolvidas nestas iniciativas sentem que estão fazendo um pouco a sua parte, dentro de suas possibilidades e limitações. Chegar agora a Prefeitura e pedir para que direcionem seu trabalho para dentro das instituições públicas é demais. Nos abrigos, a obrigação de prover alimentação é da prefeitura. Se não dão conta de seu papel, e já que gostam tanto de terceirizar com as Organizações Sociais, cadastrem as igrejas, comitês e outras organizações, financiem seus projetos e repassem suas verbas para que elas possam tentar fazer algo mais eficiente pelos desprovidos. Eles já demonstraram ter organização e disposição suficientes para com mínimos recursos manterem a regularidade de suas sopas. O que não conseguiriam realizar se tivessem em mãos parte das verbas que escoam das mãos equivocadas dos gestores de nosso patrimônio municipal.

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